domingo, 20 de junho de 2010

China vai flexibilizar a cotação de sua moeda

Cotação do yuan deixará de ser atrelada à do dólar, mas o BC chinês não dá detalhes


- O Estado de S.Paulo

A China pretende, gradativamente, flexibilizar a taxa de câmbio do yuan, informou ontem o banco central, indicando que, depois de 23 meses, a moeda local (yuan) pode deixar de ficar atrelada ao dólar, sistema que tem provocando intensas críticas no exterior.

O Banco Popular da China descartou uma reavaliação excepcional ou uma grande valorização da moeda, como esperado pelos críticos, alegando não existir "fundamentos para grandes flutuações ou mudanças" na taxa de câmbio.

Contudo, está claro que a China, com esse anúncio - publicado em inglês e chinês, o que não é usual - pretende pôr um fim à política adotada de atrelar "de facto" a moeda chinesa ao dólar, que ela defendia como uma "situação especial" para proteger a economia contra a crise financeira global.

Mas resta saber se essa medida será suficiente para aplacar as críticas, especialmente dos legisladores americanos que afirmam que a moeda chinesa subvalorizada dava à China uma vantagem comercial desleal.

"A economia global vem se recuperando gradualmente e a melhora observada no setor econômico chinês tem se tornado mais consistente com a estabilidade econômica que se fortalece aos poucos", informou o BC chinês em comunicado no seu site.

"É aconselhável avançar com a reforma da taxa cambial do RMB (Renminbi, como também é conhecido o yuan) e aumentar a sua flexibilidade", diz o comunicado.

Na prática, isso sugere que, possivelmente, o BC usará um sistema de estabelecer taxas de referência diariamente para o yuan, de modo a retornar a uma rota de valorização gradativa da moeda frente ao dólar, que foi seguida por três anos, até meados de 2008.

Os passos iniciais provavelmente serão pequenos, mas cumulativamente poderão significar diversos pontos porcentuais nos próximos meses.

Queixas. As queixas internacionais sobre a política cambial da China amainaram nos últimos meses, já que a crise da dívida na Europa tornou-se a principal preocupação, mas nos últimos dias a pressão contra os chineses começou novamente a se intensificar.

Um grupo de parlamentares americanos, liderado pelo senador Charles Schumer elaborou um projeto de lei que permitiria aos EUA utilizar medidas compensatórias contra países com "taxas cambiais fundamentalmente desalinhadas".

E o yuan corria o risco de se tornar o principal tema de discussão na reunião de cúpula do G-20 no Canadá nos dias 26 e 27 de junho. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou ser essencial para a vitalidade econômica global que os países adotem taxas cambiais orientadas pelo mercado, mas diversas autoridades chinesas têm declarado que o yuan é um assunto soberano da China e não deve ser assunto de discussão em círculos internacionais.

A China tem mantido a sua moeda em aproximadamente 6,83 em relação ao dólar desde julho de 2008, tentando isolar sua economia dos estragos produzidos pela crise global.

Geithner. O secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, afirmou em um comunicado que o país saúda a decisão da China de aumentar a flexibilidade da taxa de câmbio do yuan.

"Saudamos a decisão da China de aumentar a flexibilidade de sua taxa de câmbio", disse o comunicado. "A implementação daria uma contribuição positiva para um crescimento econômico forte e equilibrado. Estamos ansiosos para continuar nosso trabalho com a China no G-20 e bilateralmente para reforçar a recuperação."

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, afirmou que o comunicado do BC chinês foi um "progresso muito bem-vindo".

Segundo ele, o retorno para uma política de flutuação administrada da moeda - sistema utilizado antes da crise financeira global - permitirá que o yuan aumente em valor. Isso, por sua vez, "ajudará o rendimento das famílias chinesas e proverá os incentivos necessários para reorientar o investimento para as indústrias", destacou Strauss-Kahn.

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