domingo, 20 de junho de 2010

Cannes dá a largada para a caça aos Leões

Festival de publicidade discute se negócio deve se sobrepor à celebração da criatividade


Marili Ribeiro - O Estado de S.Paulo

Nos últimos anos, um tema se repete entre os frequentadores do maior evento da propaganda mundial, o Festival Internacional de Publicidade de Cannes, que ocorre há 57 e se estende até próximo fim de semana, na cidade da costa francesa que lhe dá o nome. A preocupação em pauta é até onde os interesses do negócio da publicidade devem se sobrepor à celebração da criatividade.

Afinal, o festival nasceu para valorizar o que os publicitários consideram a alma desse negócio, ou seja, a grande ideia que atrai consumidores e torna uma marca desejada.

Para um festival que começou reunindo um grupo de produtores de filmes comerciais que selecionava os melhores trabalhos feitos no ano - numa clara alusão ao tradicional festival de cinema -, o Cannes Lions, como é mais conhecido, tornou-se um centro de palestras, debates e apresentações das celebridades atuais no mundo dos negócios. Tudo feito para um público que se amplia na proporção em que o foco do evento também se expande.

Se antes os profissionais das agências de propaganda dominavam os pontos de encontro na charmosa cidade praiana francesa, hoje é bem mais comum encontrar executivos de áreas de marketing e de tecnologia das grandes companhias, estudantes de comunicação e curiosos em geral.

De olho no Leão. Organizado pela empresa de eventos inglesa Emap, o Cannes Lions reúne mais de 10 mil delegados que pagam para participar, assim como vai julgar este ano 24.242 peças publicitárias que foram inscritas por 90 países nas 12 categorias em que se divide o festival. Desse total, os júris vão selecionar cerca de 10% dos trabalhos que sairão da França com um cobiçado Leão de ouro, prata ou bronze. Estimativas feitas a partir do preço das taxas de inscrições apenas das peças publicitárias indicam que os organizadores do festival faturaram cerca de 10 milhões.

O Brasil, embora sempre estivesse presente entre os dez maiores participantes do Cannes Lions, este ano ocupa a segunda posição pelo número de inscrições, com 2.115 peças, atrás apenas dos EUA, que mantêm a liderança, com 3.370 trabalhos inscritos. As empresas brasileiras aumentaram em 39% sua participação em relação ao ano passado. Já as americanas incrementaram em 23% sua presença ante 2009.

Sedução. O prestígio do Cannes Lions tem sido, como gosta de enfatizar o presidente do festival, Philip Thomas, uma das maiores razões para a sua expansão. Mas as mudanças no negócio da comunicação, com os avanços das plataformas digitais e móveis, também têm alterado o modelo de atingir a atenção dos consumidores com as mensagens publicitárias. E isso, também na opinião do executivo, tem colaborado para mudar o conteúdo do festival.

Para ampliar o público, a opção foi aumentar a oferta de atrações em segmentos diferentes, embora todos de alguma forma estejam relacionados com a prestação de serviços na área de marketing. Assim, este ano, Cannes Lions 2010 oferece 84 palestras, entre seminários, workshops e master classes. Para apresentá-las, traz nomes importantes fora do cenário da publicidade.

Estão na recheada agenda desde a viúva de John Lennon, a artista plástica Yoko Ono, até um dos jovens fundadores da badalada rede social Facebook, Mark Zuckerberg. Há ainda importantes debates com executivos do Google, da Coca-Cola e da empresa de alimentos Kraft Foods. Do mundo do cinema, comparecem ao festival este ano o produtor Jon Landau, que trabalhou com James Cameron em dois blockbusters, os filmes Titanic e Avatar, e também o diretor Spike Jonze, que criou e dirigiu o cultuado filme Quero ser John Malkovich.

O negócio da publicidade em si mantém suas palestras sob comando dos líderes desse setor. Martin Sorrell, presidente do conglomerado de comunicação WPP, e Maurice Lévy, presidente do Publicis Group, levam convidados para falar de tendências e perspectiva da propaganda.

Brasil em alta. Nos últimos anos a presença de profissionais brasileiros convidados para participar de seminários tem crescido na mesma proporção da importância que o Brasil assume em outros segmentos da economia. Marcello Serpa, sócio-diretor de criação da agência AlmapBBDO, vai ser um dos palestrantes do seminário da empresa HP, enquanto Sérgio Valente, presidente da DM9DDB, é um dos convidados da festejada agência Naked.

Washington Olivetto, que acaba de estabelecer uma parceria com a rede de agências McCann Erickson no Brasil, foi convidado por Nick Brien, o presidente global da rede, para ser o principal palestrante no almoço que o McCann Worldgroup fará em Cannes para convidados. Olivetto vai falar sobre publicidade e cultura brasileira.

"Este ano, a América Latina em geral, e o Brasil em particular, serão o centro das atenções no festival de publicidade para o nosso grupo", explica Luca Lindner, diretor regional do McCann Worldgroup para A L e Caribe, e o maior responsável por trazer Olivetto para a rede McCann.

O jornal O Estado de S. Paulo é o representante oficial do Festival Internacional de Publicidade de Cannes no Brasil. "Será mais uma oportunidade para trocarmos ideias, vislumbrarmos tendências e, claro, torcermos juntos para o bom desempenho da propaganda brasileira", diz Miriam Chaves, diretora-executiva da Rádio Eldorado, que com Armando Ruivo, diretor de Planejamento e Marketing Publicitário do Grupo Estado, responde pela operação do evento no País.

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